Entrevista – Dra. Denise Goya

Bom dia,

Esta semana realizamos uma pequena entrevista com a Doutora Denise Hideko Goya, professora atualmente pela Universidade Federal do ABC, pesquisadora com enfoque em modelos alternativos de criptografia de chave pública.

Mais informações sobre o trabalho desta profissional pode ser visto no link 

1 – Vimos que sua área de pesquisa é a criptografia. Você avalia que esta área de pesquisa no Brasil esta em ascensão?
Eu acredito que cresceu nos últimos anos, mas menos do que deveria. A quantidade de pesquisadores em criptografia no Brasil é ínfima se comparada com outros países.

2 – Como você vê a repercussão do caso de espionagem e roubo de dados dos Estados Unidos com outros países? Você acredita que isto impulsionou o aumento de pesquisas na área de segurança?
A repercussão do caso de espionagem chamou a atenção do público em geral, mas não acredito que isso tenha impulsionado um aumento de pesquisas na área. O caso atraiu o interesse de alunos a aprenderem mais sobre o assunto, mas não necessariamente os levou a realizar pesquisas em criptografia e segurança.

3 – Todos sabemos da importância da segurança da informação, mas o que você faz no seu dia-a-dia para garantir a segurança de suas informações?
É comum as pessoas em geral acreditarem que profissionais de segurança usem alguma receita mágica para estarem mais protegidos que os outros. Pessoalmente, eu tento usar o bom senso, que é o mais importante de tudo. As regras que você aplica no seu cotidiano para sobrevivência e convívio devem ser aplicadas também com relação aos seus dados. Se, por exemplo, você é cauteloso ao conversar com estranhos, ao negociar com comerciantes/empresários suspeitos, ao evitar transitar em lugares ermos na “vida real”, também o deve ser na “vida virtual”, ao visitar determinados sites, ao instalar determinados aplicativos/jogos, ao ler e interagir com determinadas mensagens, etc. Um bom resumo do que gostaria de explicar pode ser visto aqui:  (7 Maneiras Fáceis para Evitar ser Hackeado). O uso de ferramentas pode ajudar desde que você não perca de vista o bom senso (e julgar que sua segurança está garantida por causa de um produto, de um software ou de um dispositivo qualquer).

4 – Allan Turing é um dos grandes nomes da computação. Recentemente na adaptação cinematográfica de sua vida é comparada a criptografia com as palavras cruzadas, o que você acha desta relação?
Eu não assisti ao filme e não sei de que forma foi feita tal analogia. Mas o momento histórico em que viveu Allan Turing (segunda Guerra Mundial e sua participação na decifração de mensagens da máquina Enigma) merece um comentário. As técnicas criptográficas usadas até então eram mais rudimentares, baseadas essencialmente em símbolos do alfabeto e cujas combinações dependiam de um idioma de base. Pessoas com talento para resolver determinados desafios de palavras cruzadas eram recrutadas para trabalharem no Bletchley Park, pois tal talento ajudava na decifração das mensagens. Todo o conhecimento acumulado em séculos de criptanálise, mais as técnicas desenvolvidas por Allan Turing , mais o trabalho de Claude Shannon  (final dos anos 1940) e de muitos outros pesquisadores culminaram na criptografia moderna (que usamos hoje e que pouco se assemelha com jogar palavras cruzadas).

2 comentários sobre “Entrevista – Dra. Denise Goya

  1. Muito boa a entrevista, me prendeu no assunto e ainda me deixou com vontade de ler mais sobre o assunto. Uma ideia para futuros artigos seria explorar a diferença entre hackers e crackers.

    Curtir

  2. O caso do roubo de informação fez as pessoas ficarem um pouco mais atentas, já que qualquer um pode ter suas informações roubadas. Há algum tempo atrás li o livro de ficção Fortaleza Digital do Dan Brown, pode interessar aqueles que gostarem criptografia.
    Conheceçam também o
    http://in-tolerancianaweb.blogspot.com.br

    Curtir

Deixe um comentário